terça-feira, 24 de junho de 2014

MUSCULAÇÃO: Rosca Scott ou Rosca Direta? Qual a diferença?

Dando continuidade à série "Aspectos biomecânicos e cinesiológicos nos exercícios de musculação", desta vez foram comparados dois exercícios para o desenvolvimento dos bíceps e demais músculos flexores do cotovelo, que são as roscas Scott Vs. Direta.

Rosca Direta com barra reta
EM ANÁLISE
Os músculos bíceps braquial, braquial, braquiorradial e pronador redondo são os responsáveis em realizar o movimento de flexão do cotovelo. variáveis estruturais e biomecânicas determinarão o papel que cada um deles desempenha no movimento e dentre estes fatores podemos citar: a localização dos músculos, a posição das articulações adjacentes (ombro e rádio-ulnar), quantidade da carga utilizada, tipo de contração muscular e velocidade de movimento. O entendimento destas variáveis estruturais e biomecânicas permiturá analisar o comportamento destes músculos na realização dos dois exercícios propostos. Analisemos alguns destes pontos ao longo deste artigo. O músculo braquial está localizado na metade distal do úmero e possui a maior área de secção trasversal e volume total entre os músculos flexores do cotovelo. O seu desenvolvimento, portanto, proporcionará um bom volume desta região, principalmente próximo a região do cotovelo. O bíceps braquial é o músculo mais longo e cobre toda a área da parte superior do braço, no entanto, o seu volume representa metade do volume apresentado pelo braquial. É o músculo localizado mais superficialmente na região e seu desenvolvimento influência, esteticamente, no aspecto geral da região anterior do braço. Assim, procure realizar em seu programa de exercícios para flexores do cotovelo, uma combinação de exercícios que colabore com o desenvolvimento geral destes músculos, inclusive o braquirradial.

SOBRECARGA UTILIZADA E PONTO DE APLICAÇÃO DA FORÇA
A distância da qual a sobrecarga utilizada (halteres, barra, cabo, etc.) se encontra do eixo do movimento (neste caso o cotovelo) determina quanta intensidade ela proporciona à musculatura ativa. Isso é chamado de "braço de momento da resistência". Quanto maior for a distância que a sobrecarga se encontra (ou quanto mais perpendicular a linha ação da resistência estiver em relação à alavanca), maior será a intensidade aplicada. Para os exercícios em análise, o ponto no qual a sobrecarga oferece maior intensidade é:
- Rosca Direta com barra ou halteres: A 90 graus de flexão do cotovelo. Durante a realização do exercício, na posição inicial, a intensidade aplicada pela sobrecarga é praticamente nula e aumenta até o seu máximo a 90 graus. Após este ângulo, a distância da sobrecarga em relação ao eixo do movimento diminui e, consequentemente, a intensidade aplicada pela sobrecarga também.


- Rosca Scott no aparelho: A 90 graus de flexão do cotovelo. Entretanto, diferentemente do que ocorre na rosca direta, a intensidade aplicada pela sobrecarga do aparelho é quase que uma constante durante toda a amplitude do movimento, aumentando muito pouco para alcançar o seu máximo a 90 graus. Esse fator faz com que os músculos flexores do cotovelo sejam bastante exigidos durante toda a amplitude de movimento, enquanto que, na rosca a variável de intensidade é bastante alterada.


COMO ISSO REFLETE NO TRABALHO MUSCULAR?
Na rosca direta com barra ou halteres, sendo um músculo de arranco, o braquial inicia o movimento de flexão do cotovelo quando a intensidade oferecida pela sobrecarga é quase zero. Após os primeiros graus de flexão do cotovelo, o bíceps braquial passar a ser um potente músculo flexor (principalmente devido à posição anatômica do ombro), ao mesmo tempo em que a intensidade do exercício sobre até o seu máximo em 90 graus. Após este ponto, o braquial, devido ao seu ponto de inserção muscular, passa novamente a ser eficiente como flexor, mas a intensidade do exercício está diminuindo, exigindo menor esforço deste músculo. Em resumo, durante a amplitude de movimento, no qual a sobrecarga impõe uma maior intensidade de trabalho dos músculos, o bíceps braquial se encontra em plenas condições de trabalho, realizando maior esforço. Na rosca Scott no aparelho, o trabalho do braquial se torna mais evidente por dois motivos principais: a intensidade aplicada pela sobrecarga é praticamente constante durante toda a amplitude de movimento e a posição do ombro, em flexão, diminui a capacidade de trabalho do bíceps. De maneira distinta à rosca direta, o esforço realizado pelo braquial como músculo de arranco enfrentará uma maior intensidade (já que, anteriormente, era quase zero). Durante as amplitudes médias até os 90 graus, o seu esforço também será maior, pois o bíceps encontra-se em desvantagem fisiológica devido a posição do ombro. Na amplitude final, dos 90 graus até o final do movimento, o braquial estará na sua melhor posição (considerando-se o ângulo de inserção do músculo) e continuará realizando grande parte do esforço, juntamente com o braquiorradial.

Variação da Rosca Scott com pegada pronada
Fontes:
- Revista Super Treino - Nº 67 - Ano: 2014;
- Prof. Mauricio de Arruda Campos - Comitê Educacional e Pesquisa - IFBB - CREF: 2597-G/SP;
- Prof. Bruno Coraucci neto - Secretário da Confederação Sulamericana - CREF: 14.668-G/SP;
- Prof. Rodrigo Fenner Bertani - Educador Físico e Fisioterapeuta Esp. em Fisiologia do Exercício CREF: 041347-G/SP.

MUSCULAÇÃO: Panturrilhas em pé ou sentado? Qual a diferença?

Mudar a posição dos joelhos faz toda a diferença no trabalho para panturrilhas. Resultados de estudos biomecânicos e cinesiológicos ensinam como treinar as panturrilhas e valorizar o trabalho para cada porção desta musculatura. Descubra como fazer isso apenas alterando a posição dos joelhos.

Flexão Plantar com joelhos flexionados
O esporte transforma atletas em modelos que podem influenciar gerações. A musculação como esporte de competição não é diferente. Seu conhecimento prático na construção de corpos esteticamente perfeitos trouxe muitos ensinamentos para aqueles que desejam alcançar o sucesso quanto o objetivo é a boa forma física. Desde o seu inicio, atletas e treinadores desenvolveram novas fórmulas e variações de exercícios na busca da melhora do desenho corporal. Entre as duras rotinas nas salas de pesos, com aparelhos (que não proporcionavam tanta facilidade como atualmente) e pesos livres, a história da musculação foi escrita. Mas houve, e há, mais. Por meio de estudos, a biomecânica e a cinesiologia proporcionam um profundo entendimento sobre as ações musculares e o movimento humano. E a utilização correta dos seus princípios favorece a elaboração de programas de treino mais individualizados, mais eficientes, mais seguros, com maior variabilidade, melhores combinações de exercícios e movimentos, etc. Desta forma, unindo ciência e prática, apresentaremos artigos com análises cinesiológicos e biomecânicas de dois exercícios para o mesmo grupo muscular e a diferença entre eles quanto ao estímulo dos músculos envolvidos. Flexão Plantar com joelhos estendidos Vs. Flexão Plantar com joelhos flexionados.


EM ANÁLISE
Os músculos gastrocnêmios e sóleos agem em conjunto para realizar o movimento de flexão plantar do tornozelo durante os exercícios utilizados para desenvolver esta musculatura, denominados popularmente como exercícios para panturrilhas. Entretanto, como o corre em outras articulações, apesar de realizarem a mesma ação, os músculos possuem vantagens em situações ou ângulos distintos do movimento, com a finalidade de proporcionar eficiência em toda a sua extensão. Essa distinção faz com que a variabilidade de posicionamento articular durante a execução do movimento proporcione maior estimulação de um outro músculo, enfatizando o seu desenvolvimento em prol do seu sinergista (músculo auxiliar). Nesta análise, em se tratando de um músculo biarticular e outro monoarticular, a simples diferença na posição dos joelhos no momento da execução do exercício - estendido ou flexionado - mudará a ênfase do músculo exigido para a realização do movimento. E a musculatura afetada será a do gastrocnêmio, que é biarticular. Quando a articulação do joelho é flexionada, o gastrocnêmio torna-se parcialmente encurtado, pois é um sinergista dos isquiotibiais e, consequentemente, tem sua capacidade de produção de força diminuída para agir com eficiência na articulação do tornozelo. Na situação, o sóleo não sofre influência pela posição do joelho. Portanto, mantém seu ótimo comprimento de repouso e sua capacidade de produzir força. Sua participação no movimento é aumentada para suprir a deficiência ocasionada ao gastrocnêmio. Isso é explicado pelo conceito de "Relação força/Comprimento Muscular". Portanto, vale ressaltar, a fim de esclarecimento, que a alteração na estimulação ocorre devido à posição do joelho e não do quadril. Assim, o que muda não é realizar o exercício em pé ou sentado, mas sim, com o joelho flexionado ou estendido. Por exemplo, executar o exercício sentando no ler press, porém, com os joelhos estendidos, enfatiza a estimulaçao do gastrocnêmio e não do sóleo. O mesmo deve ser considerado quando é necessário realizar um trabalho de alongamento para melhorar a flexibilidade destes músculos. Para enfatizar o alongamento do sóleo, o movimento de dorsiflexão do tornozelo deve ser realizado com os joelhos em flexão. Por outro lado, para enfatizar o alongamento do gastrocnêmio, os joelhos deves estendidos. Esteticamente, o gastrocnêmio é um músculo mais aparente, do ponto de vista posterior, devido a sua localização sobre o músculo sóleo, e proporciona maior volume na parte mais alta na área da panturrilha, próxima ao tornozelo. De uma vista lateral, quando o sóleo está bem desenvolvido e se tem um baixo percentual de gordura, sua aparência sob o gastrocnêmio é bastante notada, permitindo linhas marcatórias e divisões dos músculos da região inferior mais aparente.

Panturrilha no Leg Press

FLEXÃO PLANTAR COM JOELHOS ESTENDIDOS
Articulação envolvida: Tornozelo
Movimento: Flexão plantar
Músculos: Gastrocnêmio (mais enfatizado) e sóleo
Posição inicial: Coloque o terço final do pé (ponta dos pés) sobre o apoio, mantendo os outros dois terços fora do apoio.
Execução: Realize flexão plantar, ou seja, empurre a ponta dos pés para baixo em direção ao apoio, elevando o calcanhar, com a máxima amplitude possível, para fazer subir o corpo. Em seguida, permita que o corpo desça realizando a máxima amplitude de movimento de dorsiflexão, que é quando o calcanhar desce abaixo da ponta dos pés, em direção ao solo.
Variações do exercício: Em pé, segurando halteres (normalmente realizando unilateralmente); Em pé com máquinas com o Hack Machine ou Smith; Sentado no Leg Press.

FLEXÃO PLANTAR COM JOELHOS FLEXIONADOS
Articulação envolvida: Tornozelo
Movimento: Flexão Plantar
Músculos: Gastrocnêmio e sóleo (mais enfatizado)
Posição inicial: Coloque o terço final do pé (ponta do pé) sobre o apoio, mantendo os outros dois terços fora do mesmo. Coloque o apoio do aparelho o mais próximo possível da articulação do joelho, para que maios sobrecarga seja transferida para a articulação do tornozelo.
Execução: Realize a flexão plantar, ou seja, empurre a ponta dos pés para baixo em direção ao apoio, elevando o calcanhar, com a máxima amplitude possível, para fazer subir o aparelho. Em seguida, permita que o aparelho desça realizando a máxima amplitude de movimento de dosiflexão, que é quando calcanhar desce abaixo da ponta dos pés, em direção ao solo.
Variações do exercício: Na máquina específica para este exercício; Sentado na banqueta utilizando anilhas e/ou barras sobre os joelhos.

Fontes:
- Revista Super Treino - Nº 66 - Ano: 2014
- Prof. Mauricio de Arruda Campos - Comitê Educacional e Pesquisa - IFBB - CREF: 2597-G/SP
- Prof. Bruno Coraucci neto - Secretário da Confederação Sulamericana - CREF: 14.668-G/SP
- Prof. Rodrigo Fenner Bertani - Educador Físico e Fisioterapeuta Esp. em Fisiologia do Exercício CREF: 041347-G/SP

Biomecânica Aplicada e Adaptativa

O vídeo, apresentado pelo atleta fisiculturista Fernando Luiz, mais conhecido como Fernando Sardinha, morador da cidade de Ribeirão Preto - SP, com 27 anos de carreira, 69 títulos, 74 troféus incluindo Bi-campeão paulista do interior, Tri-campeão paulista e overall, Bi-capeão do troféu Brasil e overall, Campeão brasileiro, Campeão do duelo de gigantes e overall, Vice-campeão mundial, 3º colocado no Mr. Universe, 7 vezes o melhor posador do Brasil, trás como tema, os movimentos de exercícios na musculação utilizando a biomecânica adaptada, ou seja, movimentos que normalmente são considerados errados. Porém, são apenas movimentos adaptados para pessoas especiais, que possuem algum tipo de dificuldade, e também, como treina um atleta avançado de musculação, fazendo uso da biomecânica dos movimentos de uma forma que “não seria a correta” para todos nós, apenas para eles.
 

Biomecânica: Um pouco de sua história!

A Biomecânica Mecânica é a mecânica dos organismos vivos, ou seja, é o movimento de todos os seres vivos e pode ser dividida em duas parte: Biomecânica externa e interna. A biomecânica externa, estuda as
forças físicas que agem sobre algum corpo, enquanto a interna estuda a mecânica e os aspectos físicos e biofísicos das articulações, ossos e tecidos histológicos do corpo.
Hoje em dia, além de ser uma das maiores áreas de estudos com laboratórios específicos e diversos níveis, também é oferecia nas faculdades de Educação Física, Fisioterapia, Engenharia Biomédica e Terapia Ocupacional. Os primeiros registros de Biomecânica sobre movimentos corporais, tanto do homem, quanto dos animais, foram realizados por Aristóteles, que registrou suas primeiras observações sobre o ato de caminhar dos seres vivos, incluindo o homem, como consequência da ação de seus membros inferiores contra o solo.
Séculos depois, suas observações foram ratificadas pela Terceira Lei de Newton, porém, é claro, a história da Biomecânica estava apenas começando e teria que dar muitos e muitos passos à frente para que o estudo conseguisse ficar ainda mais complexo com a chegada da fotografia anos mais tarde. Com esta nova invenção, surgiram novas possibilidades e novas metodologias para as análises de movimentação que ganhou o nome de Cinemetria, ou seja, o congelamento de movimentos, o registro e consequentemente a quantificação geométrica por meio das fotografias para uma descrição mais precisa, utilizado até os dias de hoje.
A Biomecânica pode ser dividida em dois movimentos chamados de Estático: Quando um corpo está em repouso, ele tende a continuar em repouso. Ex: "Em pé dentro de um ônibus que está parado e quando ele acelerea nós somos empurrados para trás". E o movimento Dinâmico: Quando um corpo está em movimento constante, ele continua neste movimento. Ex: "Quando estamos dirigindo um carro e freiamos bruscamente, somos empurrados para frente".
A Biomecânica também é usada para manifestações mecânicas de comando enviados pelo Sistema Nervoso (SN), ângulos formados entre segmentos que influênciam o movimento e a produção de força, medir distâncias, deslocamentos, velocidades e aceleração de um segmento, de um ponto do corpo, ou do corpo como um todo, a força que os músculos estão fazendo com uso de alavancas e cargas articulares, forças de contato da caminhada, corrida, saltos com estudo de impacto e amortecimento e a atividade dos músculos gerando força e movimento, etc.